segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Drive Angry (2011)

Convém não confiar muito num filme que tenha no seu título o apêndice "3D". Tentativas descaradas de desviar a atenção do público para a vertente tecnológica de uma produção não costumam augurar nada de bom e são, geralmente, sinal de que algo no filme está em défice grave. DRIVE ANGRY, de Patrick Lussier, não foge à regra. O que não deixa de ser curioso porque, pela direcção que claramente tomou, poderia fugir à classificação e tornar-se com relativa facilidade num filme de culto. Desde que Quentin Tarantino e Robert Rodriguez ensaiaram uma homenagem ao estilo, a nostalgia grindhouse, com os baixos valores de produção normalmente associados aos filmes dessa linha, tem sido alvo de uma crescente atenção, servindo de salvamento para algumas películas menos boas. A geração mais nova, que na sua generalidade, conhecia o estilo gosta destas lides de carros rápidos e potentes, mulheres bonitas e acção em quantidades industriais. Que se lixe o argumento, a profundidade das personagens e, sobretudo, a lógica. E, verdade seja dita, nós também gostamos - principalmente quando é bem ensaiado.

O problema aparece quando se tenta deliberadamente produzir um filme mau com um orçamento perto dos 50 milhões de dólares. Algo de errado se passa quando alguém com largos meios de produção ao seu dispor aponta à mediania quando tão ou mais facilmente poderia apresentar um produto de melhor qualidade técnica. Aqui aposta-se - vá-se lá perceber porquê - num Nicolas Cage loiro, piroso como quase nunca foi, e num William Fichtner, actor discreto mas que tem construído um portefólio interessante, em versão quase paródica para dar vida à estória. Um é Milton, fugitivo do Inferno, canastrão com parentesco ao mais reles caçador de recompensas da pradaria Americana, o outro uma personagem misteriosa que dá pelo epíteto de O Contabilista, agente de Lúcifer em busca de almas foragidas do domínio do seu senhor. Depois há Billy Burke como o líder de um culto pseudo-satânico que tenciona sacrificar a neta bebé de Milton. As lutas de Drive Angry são fundamentalmente entre estas três personagens, com a bela Amber Heard pelo meio. Ela, que não prima propriamente pelas suas capacidades artísticas, continua a mostrar ser capaz de cativar o espectador, nem que seja com o seu aspecto. A escolha de filmes é que podia ser melhor. A fotografia é interessante e a escolha da banda sonora superior ao resto do filme - pedaços de rock a fazerem lembrar um road movie, com Cage a cavalgar rumo ao Inferno ao som de uma canção de Meat Loaf - , mas não chegam para apagar a trapalhada que a realização e os restantes departamentos técnicos transmitem ao longo do filme. O melhor que se pode dizer é que a premissa faz lembrar um Ghost Rider, o filme, ligeiramente melhor. Mas, no fundo, não passa mesmo de um lamentável exercício de cinema, dispensável e em boa posição para ser ignorado.


Título Original: Drive Angry (EUA, 2011)
Realizador: Patrick Lussier
Argumento: Todd Farmer, Patrick Lussier
Intérpretes: Nicolas Cage, Amber Heard, William Fichtner, Billy Burke, David Morse, Todd Farmer
Música: Michael Wandmacher
Fotografia: Brian Pearson
Género: Acção, Crime, Fantasia, Thriller
Duração: 104 minutos



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