sábado, 17 de março de 2012

Kill List (2011)

Kill List opta por representar os seus assassinos contratados como pessoas normais, com família e vida fora do trabalho. Aqui não há lugar para homens solitários, envoltos em auras de mistério, nem capazes dos mais incríveis feitos sobre-humanos. Os assassinos de Kill List são bem reais, de carne e osso. Esse será o primeiro ponto a favor do filme, desde logo.

Jay e Gal são dois amigos que, após deixarem o exército, se tornaram assassinos a soldo. Oito meses depois de um trabalho desastroso em Kiev, a vida familiar de Jay degrada-se lentamente bem defronte dos seus olhos, com a família a passar por dificuldades económicas, fruto da inactividade de Jay. Determinado a dar a volta à situação, Jay aceita um novo trabalho sugerido por Gal. O objectivo é simples: matar três pessoas cujos nomes constam numa lista que lhes foi entregue por um sujeito misterioso. Mas Jay e Gal cedo se apercebem de que aquilo para que foram contratados é muito mais complicado e tenebroso do que inicialmente pensavam.

Kill List chegou ao Fantasporto 2012 referenciado pelo IFG como um dos melhores filmes britânicos do ano, numa lista em que, curiosamente, não figurava Shame. A selecção, embora discutível, é compreensível: Kill List é, antes de mais, um filme diferente. Tão diferente, que, por vezes, se chega a tornar incompreensível, sobretudo aos olhos de um público que não esteja disposto a ver para além das suas falhas. Para quem o vê, Kill List não consegue deixar de parecer uma montagem descarada entre duas películas distintas: um drama familiar, narrado quase ao jeito de um documentário, e um thriller criminal a roçar o terror realista. E se a primeira parte está bem construída e faz antever um filme de qualidade superior, a segunda deita tudo a perder, muito por culpa de uma sobreposição excessiva de ideias que torna vã qualquer tentativa de entender o final da película.

Os apreciadores do Realismo britânico têm em Kill List muito com que se entreter. O seu final decepcionante prejudica a qualidade global da obra, mas não chegará para a destruir por completo. O filme cumpre no capítulo técnico, com as interpretações a não lhe ficarem atrás. A melhor maneira de julgar Kill List será mesmo vê-lo, pelos bons e maus motivos.


Título original: Kill List (Reino Unido, 2011)
Realizador: Ben Wheatley
Argumento: Amy Jump, Ben Wheatley
Intérpretes: Neil Maskell, MyAnna Buring, Harry Simpson,
Michael Smiley, Emma Fryer, Struan Rodger
Música: Jim Williams
Fotografia: Laurie Rose (directora de fotografia)
Género: Crime, Drama, Terror, Thriller
Duração: 95 minutos



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