sexta-feira, 30 de março de 2012

Evangelion 1.0: You Are (Not) Alone (2007)

O filme que marca um novo inicio à famosa série de anime de 1995, Neon Genesis Evangelion, que procura recontar a história original. É o primeiro de quatro filmes planeados sendo que o ultimo terá uma conclusão diferente da série original.

Existem seres monstruosos, aparentemente mecânicos, denominados de Angels, que buscam a destruição da raça humana. NERV é uma organização criada para somente para eliminação desses seres usando os EVAS, máquinas humanóides controladas por jovens pilotos. Não é claro se a destruição dos Angels é a única motivação da organização.

Quem já é familiarizado com a série original irá notar um grande update em todo o visual, contudo, não sendo já um fã da série, o filme será muito aborrecido. Penso que há muito, senão demasiado, desenvolvimento emocional de personagens e muito pouco contributo para a história em si, uma desproporção que é muito difícil de deixar passar, com um excesso no factor melodramático. Maior parte do filme é, basicamente, lamentações repetidas da personagem principal, que limita-se a queixar-se de tudo e a ter súbitos acessos de raiva. De resto, desde a banda sonora, aos cenários e a toda a arte visual é um filme que entretém qualquer fã do anime de género, no entanto para os restantes não irá ser tão aprazível.



Título Original: Evangerion Shin Gekijôban: Jo (Japão, 2007)
Realizador: Masayuki; Kazuya Tsurumaki; Hideaki Anno
Argumento: Hideaki Anno; Yoshiki Sakurai
Intérpretes (vozes): Megumi Ogata; Megumi Hayashibara; Kotono Mitsuishi
Música: Shirô Sagisu
Género: Anime; Drama; Ficção-Científica; Mecha





quarta-feira, 28 de março de 2012

Afro Samurai: Ressurection (2009)

A adaptação animada da manga de sucesso, Afro Samurai, regressa com uma longa-metragem de animação. Novamente com produção de Samuel L. Jackson, que volta a dar a voz a Afro e Ninja Ninja, os dois protagonistas da série original.

Pegando onde a série original deixou, Afro após ganhar a fita nº1 passa anos isolado do mundo numa tentativa de deixar para trás o seu passado de assassino assim como a fita nº1. Agora Afro vê-se obrigado a voltar ao campo de batalha outra vez em busca do possuidor da fita nº1 da qual tinha abdicado, mas agora simplesmente para recuperar os restos do seu pai, os quais foram roubados da campa, com a companhia de Ninja Ninja volta a enfrentar o seu passado que parece não querer deixá-lo em paz.

Se já a série original tinha uns visuais fantásticos, Afro Samurai: Ressurection veio melhora-los, mais uma vez com uma banda sonora alucinante e recheado de acção e sangue. Infelizmente este filme altera alguns dos acontecimentos passados na série original, o que para os fãs será um pouco confuso e potencialmente irritante, algo que parece um pouco mal concebido mas também abre portas para uma visão diferente e mais aprofundada da história.

Contudo, é bastante divertido e cheio de acção, sendo, portanto, uma fonte sólida de entretenimento. Definitivamente é algo que fãs de anime de estilo seinen não devem perder, nem que seja só pelas falas ridículas e comportamentos estranhos de Ninja Ninja.


Título Original: Afro Samurai: Ressurection (Japão/EUA, 2009)
Realizador: Fuminori Kizaki
Argumento: Eric S. Calderon; Leo Chu; Eric Garcia; Yasuyuki Muto; Takashi Okazaki
Intérpretes: Samuel L. Jackson; Lucy Liu; Yuri Lowenthal
Música: RZA
Género: Acção; Anime; Aventura; Gore
Duração: 101 minutos



segunda-feira, 26 de março de 2012

Jail Bait (1954)

Este ano no Fantasporto 2012 houve várias retrospectivas de realizadores memoráveis, entre os quais Edward D. Wood Jr. conhecido por muitos como «o pior cineasta de todos os tempos». Tive o privilégio de visualizar uma das pérolas deste senhor, Jail Bait, um filme carregado com clichés, más actuações e cenas tão ridículas que é quase impossível uma pessoa não rebolar no chão a rir.

Don Gregor (Clancy Malone) é um homem jovem que se envolve com um criminoso mesquinho, Vic Brady (Timothy Farrel), e quando são vistos a cometer um assalto matam sem querer um segurança, a mulher que os viu no assalto vai directa à policia e tanto Don como Vic são obrigados a esconderem-se. Infelizmente Don não aguenta a pressão de ter morto uma pessoa e tenta entregar-se à policia, coisa que não convém a Vic que quer tudo menos parar na prisão, as coisas não correm bem para Don quando procura a ajuda do pai, um famoso cirurgião plástico.

Ora bem, o filme tem toda aquela aura de film noir, contudo cai no ridículo da situação graças a más ligações entre cenas, cenários repetitivos e actuações tão más que sempre que uma personagem fala só nos apetece desatar a rir. A realização é pessima e para quem já conhece outros trabalhos de Ed Wood, como Glen or Glenda ou Plan 9 From Outer Space, já devem saber que tipo de qualidade sai de Jail Bait. A música! Ai meu Deus a música, sempre a mesma, sempre a dar, seja qual a cena está sempre a dar a mesma música durante o filme todo, irritante, mas bastante cómico no início. O argumento é simplesmente estúpido, todas as falas das personagens são ridículas, completamente cómicas de tão mau que tudo é, mas o pior de tudo é que nada no filme se aproveita, até as mortes são de tamanha estupidez que deixa uma pessoa aparvalhada. Que mais poderei dizer... É um mau filme.

No entanto, recomendo a verem, até pode ser considerado uma comédia, já que se passa quase o filme todo a rir das situações, e então visto em grupo só aumentará a diversão. Um filme tipicamente de Ed Wood, «Tão mau que é bom».



Título Original: Jail Bail (EUA, 1954)
Realizador: Edward D. Wood Jr.
Argumento:  Alex Gordon; Edward D. Wood Jr.
Intérpretes: Clancy Malone; Timothy Farrel; Herbert Rawlinson; Lyle Talbot; Dolores Fuller; Steve Reeves; Theodora Thurman
Música: Hoyt Curtin
Fotografia: William C. Thompson
Género: Comédia, Crime, Film noir, Thriller
Duração: 72 minutos



This Must Be the Place (2011)


 «Home is where I want to be.» - Cheyenne (Sean Penn) é uma antiga estrela de rock deslocada do mundo em que vive. Os seus dias passam indistintos entre si, marcados pela letargia característica de um homem que nunca soube o que era crescer. Quando descobre que o seu pai está a morrer, Cheyenne resolve visitá-lo, não chegando a tempo, porém, de o encontrar com vida. Cheyenne decide, então, embarcar numa viagem pelo interior Americano em busca do homem que torturou o seu pai durante a II Guerra Mundial.

This Must Be the Place é um claro piscar de olho ao road movie, um dos géneros mais queridos do público americano. Contudo, o filme escapa à tentação de se aproximar demasiado da cinematografia norte-americana, preferindo manter alguns dos elementos particulares do cinema europeu. Os enredos secundários expandem-se para além da narrativa principal, conferindo ao filme profundidade, embora nem sempre sejam claros ou fiquem completamente resolvidos. Quase irrepreensível do ponto de vista técnico, a fotografia de Lucas Bigazzi destaca-se pela sua beleza e qualidade bem acima da média. A banda sonora original da autoria de Will Oldham e David Byrne é um deleite para os fãs da pop dos anos 80, com o vocalista dos Talking Heads a fazer uma breve aparição no filme como ele próprio.

A grande atracção do filme é, no entanto, um Sean Penn caracterizado à la Robert Smith, vocalista dos The Cure, mas com personalidade muito própria. Penn apresenta-nos uma personagem marcada pelas suas inseguranças, que vai crescendo e perdendo a sua aparente fragilidade ao longo do filme. Judd Hirsch surge também em bom plano como o caçador de nazis Mordecai Midler. O elenco conta ainda com Frances McDormand e Harry Dean Stanton.

Por esta altura, Sorrentino é já um nome bem conhecido de quem acompanha o que de melhor se faz no cinema europeu. O ritmo lento que o realizador italiano confere ao filme não agradará a toda a gente, mas é exactamente o que se pedia para uma obra como esta, permitindo explorar em profundidade todo o potencial da história. This Must Be the Place é, essencialmente, um filme de auto-descoberta e reconciliação com o passado. O Prémio do Júri Ecuménico do Festival de Cannes e as honras de encerramento na 32ª edição do Fantasporto justificam-se, portanto, para aquele que é, discutivelmente, um dos melhores filmes de 2011.


Título Original: This Must Be the Place (França/Irlanda/Itália, 2011)
Realizador: Paolo Sorrentino
Argumento: Umberto Contarello, Paolo Sorrentino
Intérpretes: Sean Penn, Frances McDormand, Judd Hirsch,
Eve Hewson, Harry Dean Stanton
Música: David Byrne, Will Oldham
Fotografia: Luca Bigazzi
Género: Comédia, Drama
Duração: 118 minutos

 

sábado, 24 de março de 2012

Rose (2011)


Sem querer ser insensível, após ver Rose o clip acima foi a primeira coisa que me veio à cabeça. O realizador, Wojtek Smarzowski, criou o que será provavelmente o filme mais triste do ano, com acontecimento mau atrás de acontecimento mau, que simplesmente nos deixa aparvalhados. Um drama que realmente define o género dramático, mais um que não esperava ver no Fantasporto.

Uma história de sobrevivência numa era pós-Segunda Guerra Mundial na Polónia, centrada nas vidas de Tadeusz (Marcin  Dorocinski), um ex-soldado, e Róza (Agata Kulesza), mãe víuva que face às barbaridades do exercito Russo ainda presente na Polónia encontra algum conforto na companhia de Tadeusz que tenta protegê-la a todo o custo. Infelizmente de nada serve a protecção do ex-soldado que se vê incapaz de impedir as constantes violações diárias a Róza, e se isso não chegasse também se encontram em risco de serem deportados, e se como se isso não chegasse Róza e a família são vitimas de tragédias atrás de tragédias diariamente. (Agora já devem perceber a referência ao clip acima)

Todo o filme tem um ambiente muito trágico, melancólico e um pouco cinzento, típico de filmes com uma temática da Segunda Guerra Mundial, mas este procura explorar as vidas difíceis após a guerra, com uma grande falta de qualquer tipo de ordem ou leis, onde sobrevivem apenas os que conseguem. As actuações são bastante boas por parte dos dois protagonistas, com menção especial para Agata Kulesza que desempenha um papel muito bom e transmite-o de maneira eficaz e real, com uma grande influência em todo o ambiente do filme. No entanto tem um argumento muito puxado, não que isso seja algo negativo mas é um pouco forte, com muita tragédia envolvida onde quando pensamos que a situação não pode piorar ela piora.

Em geral, é um filme perfeito para amantes do drama trágico, que certamente vos deixa boquiabertos com alguns momentos mas que contribuem, às vezes de forma um pouco exagerada, para a mensagem transmitida e ajuda imenso a absorver todo o ambiente da época desde os cenários às personagens. Recomendo a ver se conseguirem, até podem gostar mas aviso que não será um feito fácil.



Título Original: Róza (Polónia, 2011)
Realizador: Wojtek Smarzowski
Argumento: Michal Szczerbic
Intérpretes: Marcin Dorocinski; Agata Kulesza; Malwina Buss; Kinga Preis; Jacek Braciak
Música: Mikolaj Trzaska
Fotografia: Piotr Sobocinski Jr.
Género: Drama
Duração: 95 minutos



sexta-feira, 23 de março de 2012

Ghost Rider: Spirit of Vengeance (2011), por André Silva

Esta semana fica marcada pela primeira colaboração externa da (ainda curta) história do Matinée Portuense. O autor do texto é André Silva, um velho amigo da redação. O repto, esse, fora lançado há um par de semanas: escrever uma crítica a Ghost Rider: Spirit of Vengeance.

No primeiro filme desta série, o pai de Johnny Blaze, papel interpretado por Nicolas Cage, sofria de uma doença terminal numa fase bastante avançada. Esta situação desesperante levou Johnny a fazer o impensável: um pacto com o Diabo, em que, se o seu pai fosse curado, ele se tornaria no Ghost Rider, uma besta sedenta de almas pecadoras. Nesta sequela, Ghost Rider: Spirit Of Vengeance, é-lhe prometido por Moreau (Idris Elba) que, caso Johnny consiga salvar uma mera criança, este livrá-lo-ia do fantasma que Johnny tem vindo a carregar a seus ombros há demasiado tempo. Mera criança essa, que mais tarde vir-se-ia a saber ser o filho do próprio Diabo. Mas como seria possível localizar apenas uma criança num mundo populado por biliões de pessoas? Moreau explicou-lhe que quando o Ghost Rider se apoderava de Johnny, este conseguia senti-lo e aí começou a procura pela criança.

E é aqui que as coisas começam a correr mal. Apesar da história bem estruturada, o filme torna-se algo absurdo, com cenas bastante incoerentes e mal conseguidas, constantes exageros de fantasia e algumas actuações que não são dignas do grande ecrã. Numa das cenas cuja presença no filme não foi de todo bem-vinda, o Diabo, para evitar que Ghost Rider detectasse o seu filho, decide instalar-lhe uma firewall tornando-o indetectável ao Rider. E como é que ele faz esta parvoíce? Profere um discurso numa linguagem arcaica e, puf, o Rider já não sente a criança. Isto meus caros, não se trata falta de imaginação, mas sim de imaginação a mais. Uma coisa é fantasia, outra é o completo despropósito, com esta cena  a assemelhar-se muito mais à segunda opção. Infelizmente, para a audiência esta é apenas uma cena entre muitas que nem valiam a pena terem sido gravadas. Entre outras figuram, por exemplo, um em que, numa conversa entre o Ghost Rider e o filho do Diabo, surge uma temática interessante onde a criança pergunta como é que o Rider urina, ao que ele lhe responde que aquilo se assemelha a um lança-chamas. Em teoria, entre as duas personagens principais deste filme, com um temática que gira à volta de fantasmas e demónios, seria de esperar uma conversa minimamente séria e algo marcante, mas não, fala-se de urina. Como podem calcular esta cena ajuda a tornar o filme algo estranho e incoerente.
Resumindo e concluindo, este filme tem apenas um único propósito: fazer dinheiro. Os realizadores valorizaram mais os aspectos técnicos do filme de modo a atrair a atenção do grande público, do que gravar um filme com uma história minimamente coesa

Título Original: Ghost Rider: Spirit Of Vengeance (Emirados Árabes Unidos/EUA, 2011)
Realizador: Neveldine/Taylor
Argumento: Scott M. Gimple, Seth Hoffman, David S. Goyer
Intérpretes: Nicolas Cage, Violante Placido, Ciarán Hinds, Idris Elba, Johnny Whitworth, Christopher Lambert
Música: David Sardy
Fotografia: Brandon Trost
Género: Acção, Fantasia, Thriller
Duração: 95 minutos


In The Dark Half (2012)

Um estreia muito fraca no grande ecrã por parte de Alastair Siddons. In The Dark Half é aquele tipo de filme que deixa o público com um grande vazio, um desejo por algo mais e que nunca conseguirá dar. De certeza uma das grandes desilusões do Fantasporto 2012.

Marie (Jessica Barden), uma jovem de 15 anos com uma aparente personalidade perturbada, tenta satisfazer os espíritos da terra ao criar uma espécie de santuário onde enterra os animais mortos pelo seu vizinho, Filthy (Tony Curran), que vive com o seu filho Sean. Uma noite, Sean morre subitamente enquanto Marie tomava conta dele visto que Filthy tinha ido caçar, este acaba por entrar numa depressão profunda e Marie culpa-se por não ter conseguido controlar os espíritos, que acha serem os responsáveis. A partir daqui tudo se desenvolve à volta da relação que Filthy e Marie criam um com o outro, a relação pouco afectiva entre Marie e a mãe e os acontecimentos assombrosos que acontecem após a morte de Sean.

Ao príncipio pode não parecer mas todo o argumento não é muito imaginativo e a sinopse pode ser bastante enganadora. A falta de originalidade em toda a concepção do filme destrói por completo toda a experiência, desde cenas pouco ou nada explicativas em relação a certos acontecimentos a momentos confusos e um pouco aleatórios, isto faz com que se perca um pouco o valor de algumas das actuações, nomeadamente a de Jessica Barden. Todo o ambiente de drama ofusca as situações de terror que tenta atingir em partes, deixando o público um pouco confuso face ao que está a visualizar, assim como certos aspectos do tema misterioso que é o dos espíritos, que nunca chega a ser explicado com clareza, tem umas referências aqui  acolá mas desaparece passado uns minutos. A juntar ao argumento pouco original e claro a realização também não é muito satisfatória, algo que não merece desculpa mesmo face ao baixo orçamento do filme, algo entre as 300.000£.

Não chega a ser completamente inapreciável, até é algo que se vê e a mensagem é passada, mas como já disse deixa um vazio enorme no público e podem haver pessoas, claro, que fiquem bastante insatisfeitas e o odeiem, no entanto não acho que seja nada de muito aterrador ou aborrecido. Para quem gostar de mistérios e filmes de fantasmas penso que não perderão nada em vê-lo, esteve no Fantasporto em regime de antestreia e deve estrear algures ainda este ano.


Título Original: In The Dark Half (Reino Unido, 2012)
Realizador: Alastair Siddons
Argumento: Lucy Catherine
Intérpretes: Jessica Barden; Tony Curran; Lyndsey Marshal
Música: Dan Jones
Fotografia: Neus Ollé-Soronellas
Género: Thriller; Mistério
Duração: 90 minutos



Immaturi (2011)

Simples e descomprometido. É assim que Immaturi, de Paolo Genovese, se assume logo à partida, colocando de lado qualquer pretensão de ser mais do que aquilo que deve ser. Um grupo de amigos vê-se obrigado a repetir os seus exames finais de liceu, reencontrando-se vinte anos depois dos seus caminhos se terem separado.

É esta a premissa de Immaturi, a partir da qual se desenvolvem todas as situações e peripécias características de uma comédia deste tipo. Nada em Immaturi é novidade, o que não invalida que o argumento tenha sido bem trabalhado e remodelado à sua maneira. As piadas, apesar de quase gastas, são bem aproveitadas, variando entre o humor de índole sexual e o cómico de situação. No capítulo técnico, o filme cumpre, embora não deslumbre. As interpretações são bem conseguidas, com cada personagem a contribuir com algo diferente para a história. Um breve destaque para Lorenzo, a personagem de Ricky Memphis, responsável por alguns dos momentos mais engraçados e risíveis da película.

Immaturi é um filme feito à imagem da nova comédia italiana. A película foge ao mau gosto típico de algumas comédias norte-americanas, apresentando-se como uma alternativa a ter em conta dentro do universo das comédias ligeiras. Immaturi serve de prova de que a simplicidade, por vezes, é mesmo a melhor solução.


Título Original: Immaturi (Itália, 2011)
Realizador: Paolo Genovese
Argumento: Marco Alessi, Paolo Genovese
Intérpretes: Isabelle Adriani, Ambra Angiolini, Luca Bizzarri, Barbora Bobulova, Raoul Bova, Paolo Kessisoglu, Ricky Memphis
Música: Andrea Guerra
Fotografia: Fabrizio Lucci
Género: Comédia
Duração: 108 minutos



quinta-feira, 22 de março de 2012

Avé (2011)

Este ano o Fantasporto esteve um pouco fraco em filmes do género fantástico, numa edição onde reinou o drama e a comédia dramática senti a falta daquilo que inicialmente nos puxa para o festival. Avé, de Konstantin Bojanov, também não é mais do que um simples drama, talvez com uma história mais profunda do que possa parecer à primeira vista.

É a história de um pobre rapaz, que numa tentativa de apanhar boleia para o funeral do melhor amigo, começa a ser importunado por uma rapariga que lhe vira a vida do avesso. Tudo começa com uma inocente partilha de boleia, o que rapidamente se desenvolve numa teia de mentiras e relacionamentos estranhos e complicados entre os dois, onde o rapaz é de certa forma manipulado e enganado pela rapariga que parece não olhar a meios para atingir um determinado fim.

Apesar de o filme ser visualmente apelativo, com as paisagens campestres da Bulgária, é algo que a mim, pessoalmente, me deixa a desejar. Toda a história é um pouco aborrecida, sim, tem um significado muito bonito e tal mas não é algo de extraordinário que me impeça de bocejar. Parabéns às actuações das duas personagens principais, penso que desempenharam o seu papel da melhor maneira possível e foi ainda um daqueles poucos pontos positivos que não deixaram que adormecesse, ao menos isso. O filme foi premiado em vários festivais de cinema europeus, incluindo o Fantasporto, no qual ganhou o de melhor filme na Semana dos Realizadores, que penso não ter sido a escolha mais acertada tendo em conta todos os outros filmes que passaram nessa mesma semana e que eram, a meu ver, claramente melhores.

Pessoalmente, é um filme que não voltarei a ver, foi um daqueles que me ficou um pouco 'entranhado na garganta', no entanto não é um mau filme, aliás até é bom. Resumidamente é um daqueles filmes que é simplesmente um drama com uma história bonita que ou agrada ou irrita, depende muito dos gostos de cada um. Se são fãs do género de filme com significados profundos, cheio de metáforas para a vida, uma história de amor quase impossível, situações tristes e com ambiente depressivo, unicórnios e arco-íris então este filme é perfeito para vocês e devem de certeza dar-lhe uma vista de olhos. 


Título Original: Avé (Bulgária, 2011)
Realizador: Konstantin Bojanov
Argumento: Konstantin Bojanov; Arnold Barkus
Intérpretes: Angela Nedialkova; Ovanes Torosian
Música: Tom Paul
Fotografia: Nenad Boroevich; Radoslav Gochev
Género: Drama
Duração: 86 minutos




quarta-feira, 21 de março de 2012

The Truth of Lie (2011)

Quem julga que os capítulos das sagas Saw e Hostel são o expoente máximo do cinema sobre tortura (e não são tão poucos quanto isso) anda bem enganado. Na Europa produzem-se algumas peças cinematográficas bem mais agressivas do que as citadas acima, provando que nem sempre é preciso gastar litros e litros de sangue artificial ou milhares de dólares em efeitos especiais para proporcionar à audiência momentos de verdadeiro desconforto.

The Truth of Lie é um desses filmes. O que não é de admirar se considerarmos que foi criado por Roland Reber, o cineasta alemão responsável por filmes como 24/7: The Passion of Life ou Angels With Dirty Wings. Em The Truth of Lie um escritor contrata duas mulheres para prender e torturar durante cinco dias. O seu objectivo é simples: levá-las ao limite, e documentar o processo para o seu novo livro. Mas os cinco dias passam sem que as raparigas cedam, e o que ao início era uma situação retorcida, mas legal, depressa assume contornos ainda mais bizarros, com o escritor a aprisionar as raparigas por tempo indeterminado até conseguir alcançar o seu objectivo.

Roland Reber aposta, mais uma vez, em chocar as audiências com um filme controverso. The Truth of Lie parece pior do realmente é, causando mais desconforto do que medo. A película tem os seus momentos, uns quantos minutos de diálogo tolerável, um par de cenas interessantes, mas fica-se por aí. A obra de Reber não é fácil de classificar, mas talvez seja justo encontrá-la a meio da escala pontual. Mais importante, Reber volta a provar que qualquer publicidade é boa publicidade.


Título Original: Die Wahrheit der Lüge (Alemanha, 2011)
Realizador: Roland Reber
Argumento: Roland Reber
Intérpretes: Christoph Baumann, Marina Anna Eich,
Julia Jaschke, Antje Mönning
Música: Mira Gittner
Fotografia: Mira Gittner
Género: Drama
Duração: 98 minutos 



terça-feira, 20 de março de 2012

Shiver (2012)

O Fantasporto 2012 contou com umas quantas antestreias mundiais e Shiver, de Julian Richards, foi uma delas. Recheada com um elenco de actores moderadamente conhecidos, entre os quais, Danielle Harris (Halloween, Urban Legend e Boy Scout), John Farrat (Wolf Creek e Savages Crossing) e Casper Van Dien (Starship Troopers e Sleepy Hollow), mas infelizmente acompanhados de um argumento pouco imaginativo e original. 

 É o nosso típico filme sobre um psicopata aparentemente imparável e obcecado por mulheres jovens, as quais ele usa para ganhar a ilusão de poder semelhante a um deus, isto até que se encontra com a personagem principal, Wendy (Danielle Harris) que é a única que lhe escapa e parece ser imune a qualquer tentativa de assassinato. Sem esquecer também o papel do detective encarregue do caso (Casper Van Dien) que, como é óbvio, desenvolve uma relação mais íntima com a personagem principal. 

Mais uma vez, é um daqueles temas que já foi tão batido que o público consegue prever os acontecimentos mesmo sem ver o filme, com um assassino que ninguém consegue matar porque é invencível, uma personagem principal feminina que consegue ser ainda mais invencível e gira tudo à volta deste conceito, nada de novo portanto. As actuações são medianas, nada de extraordinário, e a realização também nem é nada má, contudo não é isso que chegará para tornar isto num êxito de bilheteira, é simplesmente um pouco tedioso. 

 Não se perde nada em ir vê-lo, será, no entanto, apenas mais uma adição à lista infindável de thrillers de psicopatas obssessivo-compulsivos. Até chega a ser melhor que muitos outros, nomeadamente Savages Crossing onde John Farrat também é o antagonista, por isso se acham que estão com vontade de ver um thriller que entretenha durante uma hora e meia provavelmente esta seria uma boa escolha. 


Título Original: Shiver (EUA, 2012)
Realizador: Julian Richards
Argumento: Robert D. Weinbach; Brian Harper
Intérpretes: Danielle Harris; John Farrat; Casper Van Dien; Ray Dawn Chong
Música: Richard Band
Fotografia: Zoran Popovic
Género: Thriller
Duração: 92 minutos



segunda-feira, 19 de março de 2012

The Holding (2011)

Pareceu-me que o que mais houve no Fantasporto 2012 foram filmes sobre psicopatas ou assassinos desmiolados e The Holding foi apenas mais um. Susan Jacobson que se estreou na realização de uma longa-metragem não parece que se tenha esforçado para que a sua estreia a pusesse no mapa, se tal não foi o caso então mais valia nem se ter dado ao trabalho.

Cassie Naylor (Kierston Wareing) é dona de uma quinta e vive com as duas filhas, a mais nova que tem uma obsessão pouco saudável pela religião e a mais velha que para além de ter uma boca deslavada acha que tudo gira à volta dela. Para grande surpresa de todos, aparece um homem (Vincent Regan) que diz ser amigo do ex marido da mulher e praticamente se faz de convidado na quinta à troca de uns quantos trabalhos manuais para ajudar a senhora e as duas filhas, quem diria que este viria a ter um surto de raiva e começasse a ter comportamentos psicologicamente perturbantes e pouco amigáveis.

Não vou dizer que o filme é muito mau, porque não é, mas com tantos outros que são sobre a mesma coisa e com melhor qualidade é muito difícil apreciar este filme, é demasiado previsível, aborrecido e numa forma geral pouco satisfatório. As actuações até são boas, parabéns ao casting, e toda a realização também não fica atrás, aliás pode se dizer que todos os elementos técnico, à parte do argumento, são bastante apreciáveis mas infelizmente não chegam para afastar todo o tédio que o filme causa ao público e isso é um dos pilares fundamentais que suportam um bom filme, o facto de não aborrecer. Não há nada no filme que já não tenha sido feito antes de melhor maneira até.

Resumidamente, passa-se bem sem ter que visualizar The Holding, é um daqueles filmes que normalmente vão directos para DVD e costumamos encontrar quando vamos alugar um filme, nas alturas em que não temos nada para fazer. Sinceramente, não há mais nada que possa dizer, apenas estaria a repetir-me (tal como o filme) é um filme sólido que se aguenta mas nada de muito entusiasmante ou apelador.


Título Original: The Holding (Reino Unido, 2011)
Realizador: Susan Jacobson
Argumento: James Dormer
Intérpretes: Kriesten Wareing; Vincent Regan; David Bradley; Skye Lourie; Maisie Lloyd
Música: James Edward Barker; Natilie Ann Holt
Fotografia: Nic Lawson
Género: Thriller
Duração: 93 minutos



Un Cuento Chino (2011)

Vacas a caírem do céu, chineses incompreensíveis e Ricardo Darín como protagonista. Tudo isso junto dá Un Cuento Chino, de Sebastián Borensztein, uma das mais recentes perólas da cinematografia argentina.

Roberto, a personagem de Darín, é um homem solitário e amargurado, dono de uma drogaria. A sua vida vai, no entanto, mudar quando conhece Jun (Ignacio Huang), um jovem chinês que não fala espanhol, e o acolhe em sua casa. A comunicação entre os dois nem sempre é fácil, mas Roberto e Jun ajudam-se mutuamente, mesmo sem se aperceberem. E assim começa uma série de aventuras e desventuras entre as duas personagens, com um desfecho nem sempre tão previsível quanto isso.

Um filme que conte com Ricardo Darín como protagonista corre sempre o sério risco de ter qualidade acima da média. Darín volta a dar cartas num papel dramático, provando que continua a ser um dos melhores actores de língua espanhola do momento. Ignacio Huang, mesmo falando um idioma incompreensível para a grande maioria da audiência, segue as pisadas de Darín na película, com Muriel Santa Ana (a Mari do filme) a não lhes ficar muito atrás.

Quase sem notar, acabei por ver Un Cuento Chino duas vezes durante o Fantasporto. O filme tem um potencial de entretenimento enorme, sendo capaz de encantar virtualmente qualquer pessoa que o veja. Falha nalguns aspectos, mas não o suficiente para deixar de ser um bom filme. Un Cuento Chino tem de tudo, no momento certo: drama, comédia e romance, sem, no entanto, se tornar cansativo (a duração do filme, pouco mais de hora e meia, é perfeita para o que se pretendia). Quem o quiser ver pode encontrá-lo nos cinemas portugueses a partir de 24 de Maio.


Título Original: Un Cuento Chino (Argentina/Espanha, 2011)
Realizador: Sebastián Borensztein
Argumento: Sebastián Borensztein
Intérpretes: Ricardo Darín, Ignacio Huang, Muriel Santa Ana
Música: Lucio Godoy
Fotografia: Rolo Pulpeiro
Género: Comédia, Drama
Duração: 93 minutos




The Whisperer in Darkness (2011)

Na última década, os títulos inspirados em estórias escritas por H.P. Lovecraft tem-se sucedido a uma velocidade vertiginosa. Esta ano a sugestão do Fantasporto passou por The Whisperer in Darkness, de Sean Branney, baseado vagamente no conto homólogo do autor norte-americano.

Albert Wilmarth é um professor universitário de folclore, conhecido pelo seu cepticismo. Depois de ter sido arrasado num debate transmitido pela rádio, Wilmarth recebe a visita de um rapaz que diz ser filho de um agricultor com quem Wilmarth se tem correspondido. O rapaz trás com ele provas da existência de estranhos seres, e pede a Wilmarth que viaje até à quinta do pai para investigar as criaturas e as suas intenções. Wilmarth de início recusa, mas, após o desaparecimento do rapaz, decide visitar Akeley, o agricultor. Longe estava Wilmarth de saber que aquela pequena quinta em Vermont escondia tantos segredos.

Metade do elenco, com o realizador incluído no lote, já esteve involvida noutros projectos relacionados com Lovecraft; a outra metade vem de filmes de baixo orçamento desconhecidos da grande maioria do público. É, portanto, seguro afirmar que o filme não se destaca pelas interpretações. A fotografia a preto e branco confere um toque engraçado ao filme, aproximando-o do cinema noir clássico, mas fica-se por aí, estando longe de deslumbrar. Contudo, o principal defeito do filme, no capítulo técnico, são os seus efeitos especiais, com os seres extra-dimensionais a não conseguirem convencer.

Lovecraft é um dos "grandes" da ficção-científica, sendo compreensível o porquê da sua obra servir de inspiração para tantos produtores e realizadores de filmes do género. The Whisperer in Darkness não é a melhor adaptação de um conto de Lovecraft para o grande ecrã, mas também está longe de ser a pior, tentando agradar tanto a fãs do autor como a desconhecedores da obra. Apesar dos seus defeitos, não seria justo pedir muito mais de uma produção como esta. Vê-lo sem grandes expectativas será aconselhável.


Título Original: The Whisperer in Darkness (EUA, 2011)  
Realizador: Sean Branney
Argumento: Sean Branney, Andrew Leman (inspirado no conto de H.P. Lovecraft)
Intérpretes: Matt Foyer, Barry Lynch, Daniel Kaemon,
Autumn Wendel, Joe Sofranko, Matt Lagan, Stephen Blackehart
Música: Troy Sterling Nies
Fotografia: David Robertson
Género: Ficção-Científica, Mistério
Duração: 90 minutos


domingo, 18 de março de 2012

Guilty of Romance (2011)

O cinema asiático parece talhado para produzir filmes capazes de chocar as audiências ocidentais. Um dos mais recentes exemplos dessa capacidade é Guilty of Romance, que promete surpreender os espectadores mais desprevenidos.

A história de Guilty of Romance centra-se numa dona de casa que, para compensar a falta de atenção que lhe é dada pelo marido, decide entrar no mundo da pornografia e da prostituição. Mas o que ao princípio apenas parece a expressão de uma liberdade recém-adquirida, cedo se revela uma complicada teia de relações, mentiras e ilusões. Simultâneamente, é-nos contada, de uma forma demasiado apressada e superficial, a história de uma investigação policial relacionada com o enredo principal do filme.

Para muitos, Guilty of Romance será uma introdução ao pink cinema, o género que marcou a indústria cinematográfica japonesa durante quase duas décadas do século passado. Visualmente, o filme resulta, com a sua fotografia vibrante a funcionar como um dos maiores trunfos da película logo desde o início. A música faz lembrar Bach, mas, estranhamente, não destoa do ambiente global do filme.

Para os mais batidos em filmes do género, Guilty of Romance torna-se, em certos momentos, demasiado fácil de prever. Não obstante, é um bom filme, aspirando à condição de ensaio sobre as relações humanas e a procura de prazer, com O Castelo de Kafka a ser tema recorrente da obra. Não será filme para toda a gente, mas quem conseguir ultrapassar o choque inicial do deboche quase constante de Guilty of Romance poderá ficar agradavelmente surpreendido com que o tem pela frente.


Título Original: Koi No Tsumi (Japão, 2011)
Realizador: Shion Sono
Argumento: Shion Sono
Intérpretes: Miki Mizuno, Makoto Togashi, Megumi Kagurazaka, Kazuya Kojima,
Satoshi Nikaido, Hisako Ohkata
Música: Yasuhiro Morinaga
Fotografia: Sôhei Tanikawa (director de fotografia)
Género: Crime, Drama
Duração: 144 minutos, 112 minutos (versão internacional)




Exit Humanity (2011)

Parece que todos os anos é nos mandado à cara uns quantos filmes de zombies e essa exploração excessiva do tema não parece desencorajar realizadores. Exit Humanity, de John Geddes, é apenas mais um a juntar a uma lista infindável do género que pouco ou nada de novo lhe adiciona, no entanto é uma história um tanto séria focando-se maioritariamente no factor dramático chegando a uma altura em que a praga de mortos-vivos não passa de um elemento de fundo.

Após a Guerra Civil Americana houve um surto de uma praga de mortos-vivos e Edward Young (Mark Gibson) regressa à sua terra natal, apenas para ver a sua mulher e filho serem devorados por zombies. Sozinho no mundo decide fazer uma ultima viagem para levar as cinzas do seu filho para o único lugar onde encontrava paz enquanto estava na guerra. Pelo caminho encontra Isaac (Adam Seybold), também um sobrevivente que lhe pede ajuda para recuperar a sua filha que foi raptada por um grupo liderado por um general que busca a cura para a pandemia.

Tanto a maneira como os zombies são caracterizados como todo o ambiente do filme fazem lembrar The Walking Dead, com um foco enorme no factor sobrevivência das personagens. O filme é dividido em capitulos sendo que cada capitulo à um segmento de em animação, que na minha opinião é um dos pontos mais altos do filme e toda a forma como a mudança de capítulos juntando a narração de Brian Cox fazem deste filme algo único e bastante consistente.

Toda a história é contada muito lentamente com muita melancolia e tragédia, algo que nem sempre é apreciado mas que, tendo em conta o tema, até era apropriado e bem conseguido. O realizador fez um trabalho fantástico neste filme, toda a paisagem e aquilo que as personagens nos transmitem dão mesmo a sensação que estamos em 1870, mas, infelizmente, toda a lentidão a que tudo se passa deixa o público um pouco desapontado, um público que provavelmente apenas busca mutilação atrás de mutilação.

Julgo que não haja muito mais a dizer, tanto de mau como de bom, como já disse, tudo que envolva este género já foi bem explorado e isso tira um pouco aquele elemento de novidade. No entanto, não deixa ser um filme apreciável, talvez não para aqueles que procuram violência extrema e mortes sem sentido, se é isso que querem este filme não é para vocês mas sim para o público que procura uma história mais profunda e séria que leve o seu tempo a ser contada, com bastante pormenor e cuidado.


Título Original: Exit Humanity (Canadá, 2011)
Realizador: John Geddes
Argumento: John Geddes
Intérpretes: Mark Gibson; Jordan Hayes; Dee Wallace; Adam Seybold; Bill Moseley; Stephen McHattie
Música: Jeff Graville; Nate Kreiswirth; Ben Nudds
Fotografia: Brendan Uegama
Género: Drama, Terror
Duração: 113 minutos


sábado, 17 de março de 2012

Kill List (2011)

Kill List opta por representar os seus assassinos contratados como pessoas normais, com família e vida fora do trabalho. Aqui não há lugar para homens solitários, envoltos em auras de mistério, nem capazes dos mais incríveis feitos sobre-humanos. Os assassinos de Kill List são bem reais, de carne e osso. Esse será o primeiro ponto a favor do filme, desde logo.

Jay e Gal são dois amigos que, após deixarem o exército, se tornaram assassinos a soldo. Oito meses depois de um trabalho desastroso em Kiev, a vida familiar de Jay degrada-se lentamente bem defronte dos seus olhos, com a família a passar por dificuldades económicas, fruto da inactividade de Jay. Determinado a dar a volta à situação, Jay aceita um novo trabalho sugerido por Gal. O objectivo é simples: matar três pessoas cujos nomes constam numa lista que lhes foi entregue por um sujeito misterioso. Mas Jay e Gal cedo se apercebem de que aquilo para que foram contratados é muito mais complicado e tenebroso do que inicialmente pensavam.

Kill List chegou ao Fantasporto 2012 referenciado pelo IFG como um dos melhores filmes britânicos do ano, numa lista em que, curiosamente, não figurava Shame. A selecção, embora discutível, é compreensível: Kill List é, antes de mais, um filme diferente. Tão diferente, que, por vezes, se chega a tornar incompreensível, sobretudo aos olhos de um público que não esteja disposto a ver para além das suas falhas. Para quem o vê, Kill List não consegue deixar de parecer uma montagem descarada entre duas películas distintas: um drama familiar, narrado quase ao jeito de um documentário, e um thriller criminal a roçar o terror realista. E se a primeira parte está bem construída e faz antever um filme de qualidade superior, a segunda deita tudo a perder, muito por culpa de uma sobreposição excessiva de ideias que torna vã qualquer tentativa de entender o final da película.

Os apreciadores do Realismo britânico têm em Kill List muito com que se entreter. O seu final decepcionante prejudica a qualidade global da obra, mas não chegará para a destruir por completo. O filme cumpre no capítulo técnico, com as interpretações a não lhe ficarem atrás. A melhor maneira de julgar Kill List será mesmo vê-lo, pelos bons e maus motivos.


Título original: Kill List (Reino Unido, 2011)
Realizador: Ben Wheatley
Argumento: Amy Jump, Ben Wheatley
Intérpretes: Neil Maskell, MyAnna Buring, Harry Simpson,
Michael Smiley, Emma Fryer, Struan Rodger
Música: Jim Williams
Fotografia: Laurie Rose (directora de fotografia)
Género: Crime, Drama, Terror, Thriller
Duração: 95 minutos



sexta-feira, 16 de março de 2012

Attack The Block (2011)

Seria de pensar que qualquer enredo envolvendo extraterrestres já tivesse sido explorado e qualquer método para os impedir já tivesse sido usado, felizmente este não é o caso. Agora temos Attack The Block, de Joe Cornish, que traz uma situação nova no que toca às invasões alienígenas, não de uma maneira muito agressiva para o publico mas sim com uma mistura bastante saudável de ficção cientifica, acção e comédia.

O filme sobre um grupo de jovens criminosos britânicos que são subitamente atacados por o que julgam ser um pequeno macaco estranho e acabam por o matar, mal sabiam eles que estava prestes a começar a noite mais inesquecível das suas vidas quando vêm que o seu complexo de apartamentos é o alvo de uma invasão extraterrestre. Numa tentativa de proteger as suas casa e famílias os jovens lançam-se numa luta contra os invasores, enquanto fogem da policia e de traficantes perigosos.

Primeira coisa a notar serão os actores que apesar das suas idades e pouca experiência demonstram estar à altura do desafio. As actuações são incrivelmente credíveis e tornam quase impossível o espectador não sentir empatia pelas personagens, com um crédito especial a John Boyega, Alex Esmail e Leeon Jones, e claro não esquecer também Nick Frost que embora não tenha um papel muito importante continua a ser um ponto a favor sendo já conhecido por diversas comédias britânicas, incluindo Shaun Of The Dead e Paul.

Todo o filme avança com um ritmo apropriado com a quantidade perfeita de comédia e acção, com uma imagem muito boa e atractiva. A realização de Joe Cornish é também um ponto a notar, que surpreendeu, visto   este ser o seu primeiro trabalho como realizador de cinema, tendo apenas trabalhado como realizador em televisão. A caracterização dos extraterrestres não é nada de especial, consistindo apenas numa espécie de cães monstruosos, pretos, cegos e com o interior da boca fluorescente, no entanto nada que mereça ponto negativo. 

Pode se dizer que é um filme com um grande potencial de entretenimento, não é algo de extraordinário nem de outro mundo, mas cumpre com os objectivos o que já é algo muito difícil de encontrar hoje em dia no cinema. Vale pela sua surpreendente qualidade e história, algo que não estava nada à espera quando o vi e, como é óbvio, vou recomendá-lo a toda gente, dificilmente alguém não gostará.


Título Original: Attack The Block (Irlanda, 2011)
Realizador: Joe Cornish
Argumento: Joe Cornish
Intérpretes: John Boyega; Alex Esmail; Leeon Jones; Jodie Whittaker; Franz Drameh; Simon Howard; Luke Treadaway; Nick Frost
Música: Steven Price
Fotografia: Thomas Townend
Género: Acção, Comédia, Ficção-Científica
Duração: 88 minutos




quinta-feira, 15 de março de 2012

Zombie's Ass (2011)

Se estão familiarizados com o trabalho de Noboru Iguchi então de certeza que já sabem o que irá sair desta “obra-prima”. Se não, então aviso já que a lógica aqui não existe e o caos domina juntamente com as cenas mais perturbadoras e ridículas que alguma vez viram. Após uma década cheia de pérolas, como Robo-Geisha, Machine Girl, Noboru Iguchi traz-nos o seu mais recente projecto, que considero ser o meu ponto alto do Fantasporto 2012 no que toca aos filmes do género. 

É uma história sobre uma jovem estudante que vai acampar com um grupo de amigos peculiares, a sua melhor amiga e o seu namorado drogado, uma wannabe modelo e um nerd hiperactivo. Quando são atacados por zombies que são controlados por uma espécie de parasitas que ingeriram enquanto estavam vivos, o grupo vê-se forçado numa situação de sobrevivência onde não só têm que fugir dos zombies mas também dum cientista tresloucado e a sua filha doente que odeia pessoas saudáveis. 

Existe uma presença, um pouco excessiva, de piadas escatológicas que transformam o filme numa grande trapalhada de excremento e metano. À mistura, há também uma história de fundo, um pouco estranha e confusa, que impede a protagonista de superar o seu medo de se peidar (à falta de melhor termo) em público, o que a prejudica na sua fuga à praga de lombrigas zombificadoras . 

A partir dos primeiros 10 minutos de filme o ritmo acelera freneticamente e com cenas cada vez mais confusas e aleatórias torna-se muito difícil acompanhar qualquer pensamento racional que possa existir. Tudo culmina numa batalha final contra a rainha das lombrigas, uma espécie de boss fight típica de vídeo jogos, na qual a protagonista supera o seu medo e ganha um poder novo que lhe permite alcançar o seu objectivo. Não queria estereotipar, mas isto tem tudo que uma pessoa poderia esperar deste tipo de filme japonês, excesso de sangue, mortes a roçar o extremo, acções fisicamente impossíveis para qualquer ser humano e até mesmo tentacle porn

Todos os efeitos especiais do filme são péssimos, como seria de esperar, mas que contribui para o factor cómico, os ângulos estranhos de filmagem e a rapidez com que tudo acontece é quase capaz de causar ataques epilépticos que simplesmente deixam uma pessoa boquiaberta, isto quando não rebola no chão às gargalhadas. Seria impossível numerar aqui todas as coisas inexplicáveis que se passam durante todo o filme desde a realização ao argumento, até mesmo o genérico, que parece algo saído dum filme de paródia pornográfica em que o tema principal é o sexo anal. 

Resumidamente, é um filme que recomendo a ver, principalmente se for em grupo, pois garanto que será um tempo bem passado com muitas risadas. Tendo em conta isto tudo, digo desde já que é um filme impossível de classificar, até o podia fazer a nível técnico mas mesmo assim não haveria palavras para o descrever e criticar, simplesmente inefável. 


Título Original: Zonbi Asu (Japão, 2011) 
Realizador: Noboru Iguchi 
Argumento: Noboru Iguchi; Tadayoshi Kubo; Ao Murata; Jun Tsugita
Intérpretes: Asami; Danny; Kentaro Kishi; Asana Mamoru; Arisa Nakamura; Kentaro Shimazu; Mayu Sugano; Demo Tanaka; Yuki 
Música: Yasuhiko Fukuda 
Fotografia: Yasutaka Nagano 
Género: Comédia; Terror; Gore 
Duração: 85 minutos

Life in One Day (2009)

Quando li a sinopse de Life in One Day no programa do Fantas 2012 desenvolvi quase de imeadiato uma animosidade em relação ao filme. Os filmes românticos tendem a cansar-me, principalmente aqueles com histórias de amor bonitas e fáceis. Por coincidência, durante o mesmo horário iria ser exibido um filme que ainda me interessava menos ver na outra sala do Rivoli. Decidi-me então por Life in One Day, esperando consegui-lo suportar sem adormecer. E, se entrei na sala já desanimado com algo que ainda não tinha visto, de lá saí completamente maravilhado com o que tinha acabado de ver na tela.

Passo a explicar para quem ainda não o tiver visto: Life in One Day foge completamente ao formato convencional de filme romântico, evitando os facilitismos e a verborreia típica de filmes do género. A história de amor não é bonita, nem, muito menos, fácil. Benny e Gini vivem num mundo onde toda a vida é vivida num só dia. Todas as acções são únicas não havendo lugar (nem tempo) para repetições. Apaixonados, decidem escapar para o inferno, um lugar onde os dias e os acontecimentos se repetem, decididos a viverem o seu amor vez após vez. Só que o inferno é o inferno, e nem tudo será tão fácil quanto estariam à espera que fosse.

E se a premissa que o filme apresenta é singular, a sua realização não lhe fica nada atrás. A primeira meia hora do filme tem o mérito de introduzir o espectador à história, mas é a segunda parte da película que o prende e encanta. O ecrã dividido de início pode parecer vir apenas dificultar o entendimento do filme, mas alguns minutos chegam para se perceber que era exactamente o que se pedia para sustentar a carga emocional de Life in One Day, com a sincronização entre a acção de cada um dos ecrãs a permitir um entendimento alargado do filme. A um trabalho de edição cuidado e a uma realização arrojada junta-se uma fotografia de grande nível, capaz de deslumbrar visualmente quem vê o filme. O jovem par de protagonistas, Matthijs van de Sande Bakhuyzen e Lois de Jong, mostra-se capaz de aguentar uma película que, à partida, não seria de fácil representação. As restantes personagens surgem discretas, não acrescentado quase nada ao filme.

Life in One Day é um filme que explora, em última análise, as diferentes reacções que cada membro de um casal tem face a uma separação. Mas fá-lo tão bem que quem o vê quase não se apercebe de que esse é o seu objectivo. Todo o filme caminha para um reencontro final (torna-se mais ou menos óbvio a meio do filme de que esse será o seu desfecho), a derradeira catarse dos protagonistas, o fim do seu inferno pessoal (a expiação dos pecados cometidos na sua outra vida, se quiserem). Life in One Day encantará quem o decidir ver. Provavelmente seria um dos grandes vencedores desta edição do Fantasporto, tivesse sido exibido dentro de uma das secções oficiais do festival; infelizmente, a sua data de produção impossibilitou tal de acontecer. Cinema europeu de enorme qualidade, a provar que as histórias de amor não têm de ser todas iguais.


Título Original: Het leven uit een dag (Países Baixos, 2009)  
Realizador: Mark de Cloe
Argumento: Mark de Cloe (baseado no livro de A.F. Th. van der Heijden)
Intérpretes: Matthijs van de Sande Bakhuyzen, Lois de Jong, Tygo Gernandt, Egbert Jan Weeber, Hadewych Minis
Música: Johan Hoogewijs
Fotografia: Jasper Wolf
Género: Drama, Fantasia
Duração: 94 minutos


Meat (2010)

Alguma vez apanharam tamanho murro nas gónadas que chega para provocar o vómito? Se não, então preparem-se pois este filme irá fazer isso mesmo e não será nada misericordioso. Meat, de Victor Nieuwenhujis e Maartje Seyferth, pode ser considerado por muitos algo bastante experimental e surreal, enquanto que por outros será como levar com um saco de cimento, cheio de informação confusa e inútil, na cara. De certeza algo que redefine o significado de 'mau'.

Todo o enredo do filme é confuso e um pouco aleatória mas percebe-se claramente que trata da vida de um talhante, com um severo problema no que toca a limites e ética de trabalho, que se diverte a fornicar com a namorada (?) enquanto trabalha e nos intervalos tenta seduzir a sua jovem empregada com o que serão, provavelmente, os comentários eróticos mais porcos e elaborados da história de todos os comentários eróticos. Bem, entretanto, no meio de uma confusão de eventos estranhos, o pobre talhante acaba morto e mais curiosamente o detective encarregue do caso é incrivelmente parecido com o talhante (é o mesmo actor). A partir disto tudo descarrila como um comboio sem rodas a alta velocidade, entre fetiches, violações, suicídios, bovinos e suínos que aparecem de surpresa e cenas pornográficas de baixa qualidade tudo acontece levando a um clímax final ainda mais estranho com uma música bastante apropriada.

Não existem muitos filmes que considere difíceis de ver mas Meat entra definitivamente nessa lista, aliás não é bem o facto de ser difícil de ver, que até nem é assim tanto, é mais pelo facto de me ter deixado completamente furioso após a visualização, ainda por cima numa sessão da uma da manhã depois de um dia cheio de desilusões cinematográficas.

Existe no filme uma certa tentativa de criar algo com um estilo de art cinema ao mostrar os cantos mais horrendos das perversão e prazer do ser humano, infelizmente fica-se por aí. A extrema falta de coesão entre toda a história e os eventos faz com que tudo caía por terra, mesmo os pontos minimamente positivos que suportam o filme, como palitos suportam um elefante adulto, acabam por passar completamente despercebidos ao público, que fica indeciso se deverá soltar umas grandes gargalhadas ou sair a meio e exigir o dinheiro de volta. Há também uma mistura imensa e aparentemente aleatória de tipos de filmagem diferentes durante o filme, desde planos completamente absurdos a visões nocturnas, câmaras de mão, cores invertidas e fast-motion, tudo isto e muito mais filmado pelas mãos de orangotangos, mas como isso também não era o suficiente a edição também piora já que parece algo feito à ultima da hora num computador do século passado.

Toda a imagem do filme é grotesca e, surpreendentemente, transmite de forma eficaz o tema, mas continua a ser apenas mediana. As actuações são minimamente aceitáveis mas, como já referi anteriormente, não chegam para suster todo o peso do que é um dos maiores pedaços de excremento cinematográfico que existe. Uma realização que chega a ser ridícula, se não soubesse diria que foi tudo produto de uma má trip causada por algum super alucinogénico.

Se possível, este é o filme a evitar, completamente desnecessário e exasperante que ninguém devia ver. Só sinto pena por todos os pobres espectadores do Fantasporto 2012 que pagaram bilhete para a sessão deste filme.



Título Original: Vlees (Países Baixos, 2010)
Realizador: Victor Nieuwenhujis; Maartje Seyferth
Argumento: Maartje Seyferth
Intérpretes: Titus Muizelaar; Nellie Benner; Hugo Metsers; Elvira Out 
Fotografia: Victor Nieuwenhujis
Género: Crime, Drama
Duração: 85 minutos